A Síndrome de Acumulação Compulsiva (também conhecida como Transtorno de Acumulação Compulsiva) é um distúrbio psicológico que afeta uma porcentagem significativa da população mundial, cerca de 2,6%, segundo dados da Associação Americana de Psiquiatria. A prevalência é ainda maior entre pessoas com mais de 60 anos. Indivíduos que sofrem desse transtorno sentem uma necessidade intensa e persistente de adquirir e guardar objetos, mesmo quando esses itens não têm valor prático ou significativo.
Para a psiquiatra Daniele Boulhosa, as causas dessa condição são variadas e podem ter relação tanto com outras doenças, como depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), quanto com questões emocionais. “Pessoas com baixa autoestima e insatisfeitas com as suas vidas podem começar a acumular objetos na tentativa de sentir algum tipo de bem-estar. Elas projetam a sua felicidade nas coisas que guardam em casa, embora às vezes reconheçam que elas afetem a sua vida negativamente”, destaca.
“Essa necessidade compulsória se associa a uma angústia profunda quando o paciente é pressionado a desfazer-se de itens acumulados ou até mesmo apenas pensar em se desfazer dele”, acrescenta.
Muitas vezes o acumulador pode ser confundido com um colecionador, ou pode até utilizar a desculpa de fazer coleção, apenas que os outros não o vejam de forma estranha. “O colecionador escolhe criteriosamente os itens, que geralmente são organizados e exibidos com um propósito. Já o acumulador guarda objetos sem necessidade ou critério, muitas vezes por medo de descartar algo que possa ser útil no futuro”, explica Daniele.
Ainda de acordo com a especialista, o tratamento para acumuladores compulsivos pode ser feito através da terapia comportamental para que o psicólogo ou o psiquiatra procure descobrir a causa da ansiedade que está causando o desejo de guardar as coisas. “Este tratamento pode demorar vários anos para fazer efeito pois requer muita dedicação da pessoa. Os remédios antidepressivos podem também ser utilizados para complementar o tratamento, ajudando o paciente a evitar o desejo de acumulação compulsiva e indicados por um profissional”, finaliza.