Recentemente, pesquisadores do hospital pediátrico canadense Hospital For Sick Children publicaram no periódico Cell, a maior análise de sequenciamento genético do Transtorno do Espectro Autista (TEA), feita com 20 mil dados genéticos, sendo 7 mil de indivíduos autistas e 13 mil de seus irmãos e familiares. O estudo encontrou 134 genes ligados ao TEA, permitindo analisar desde as menores alterações de DNA até aquelas que afetam cromossomos inteiros, com o objetivo de, segundo os cientistas, compreender melhor a arquitetura genética da condição, cujos traços genéticos e clínicos são complexos e diversos.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria, e a CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) classificam o autismo em três níveis de gravidade, 1, 2 e 3. “O TEA é estratificado em nível de comprometimento. Em qualquer nível há um significativo prejuízo da interação social e da comunicação, podendo haver atraso no desenvolvimento motor, sensibilidade sensorial e outras características que podem se apresentar juntas ou isoladas. Logo, todas as pessoas com TEA necessitam do suporte de uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional”, elucida Thales Vianna Coutinho, docente do curso de Psicologia da Estácio.
Segundo o profissional, “no nível 1 os indivíduos são capazes de se comunicar verbalmente, mas têm dificuldade de interação social, de lidar com mudanças e imprevistos, e têm comportamentos restritivos e repetitivos. No nível 2 os sintomas são mais severos, tendem a não fazer contato visual e não conseguem expressar suas emoções. No grau 3 os indivíduos precisam de um suporte maior para as atividades do dia a dia, podem ter mais dificuldade de se comunicar”.
O diagnóstico da condição é clínico, e por afetar a capacidade de estabelecer vínculos sociais, é perceptível desde muito cedo, como explica Thales. “O aspecto mais complicado diz respeito ao diagnóstico diferencial. Ou seja, alguns dos sintomas do TEA também ocorrem em outros transtornos, o que dificulta o estabelecimento de um diagnóstico preciso. Mas, reitero que é bastante saliente a dificuldade social que esses pacientes apresentam desde muito cedo”, declara.
O docente observa que a psicologia pode auxiliar o paciente e seus familiares, mas não empregada da forma tradicional. “Por haver uma dificuldade acentuada em metacognição (capacidade de pensar sobre o próprio pensamento), bem como na linguagem, a psicoterapia convencional não funciona para o indivíduo com TEA. Existe o método ABA (Applied Behavior Analysis ou Análise do Comportamento Aplicada), que apresenta muitas evidências científicas de sucesso, e consiste no ensino intensivo de habilidades úteis para o cotidiano, e ajuda a lidar com comportamentos prejudiciais. Já para os pais ou familiares, a psicoterapia, independentemente da abordagem, também será útil”, finaliza.
Por: Thaís Siqueira / Agência Eko.