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01 Dec
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Debater a crise climática e seus efeitos sobre o planeta e as pessoas, valorizar a produção artística amazônica e criar pontes entre agentes, instituições, setor privado, coletivos, entre outros, foram alguns dos objetivos da Virada Sustentável Amazônia, que aconteceu em Belém, entre os dias 23 e 26 de novembro, e reuniu mais de 14 mil pessoas durante os quatro dias de programação. 

A Virada Sustentável é o maior evento de sustentabilidade da América Latina, realizado desde 2011 em diversas cidades do país, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e várias outras organizações. Esta foi a primeira vez que a capital paraense recebeu o festival, uma construção que aconteceu de forma compartilhada e com protagonismo de atores locais e em um processo de muita escuta. Desde sua idealização, a Virada em Belém contou com uma equipe de curadoras e  produtores locais, que debateram cada passo do evento, desde as atividades, atrações, parcerias e as escolhas dos espaços públicos em que o evento foi realizado. 

No total, foram aproximadamente 50  atividades diferentes, somando 452 artistas, entre apresentações musicais, teatrais, de dança, contações de histórias, exposições e instalações, em uma programação diversa, totalmente gratuita e voltada para todas as idades. Os locais escolhidos para receber as atividades foram pensadas de forma a contemplar um grande número de pessoas e diversas áreas públicas em diferentes regiões da cidade, como Jurunas, Condor, Vila da Barca, Reduto, Cidade Velha etc. 

Os debates em torno das mudanças climáticas foram pontos centrais do evento. No dia 24, o teatro Estação Gasômetro sediou o “Toró de Ideias”, um encontro entre diversos atores da área de sustentabilidade do Estado, para discutir a cidade, debater ideias e propor soluções para Belém, tendo a COP-30, em 2025, como horizonte. A instalação EggCident, do holandês Henk Hofstra, foi outra ação que chamou a atenção da cidade e dos belenenses para os riscos relacionados à emergência climática. Nela, o artista simula grandes ovos fritos, como se estivessem sendo cozidos pelo próprio clima do planeta. A obra foi exposta no Porto Futuro, durante os quatro dias do Festival. 

No mesmo espaço, a exposição ODS foi outra que se destacou, com a exibição de 17 painéis com mais de dois metros de altura, cada um elaborado por um artista da região Norte, que retratou sua interpretação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, um conjunto de ações para a sustentabilidade da Terra. Por meio de uma escuta feita com a cidade, 10 artes traduziram de forma gráfica os temas mais relevantes para se construir uma Belém mais sustentável. 

As artes, projetadas em empenas do Píer das Onze Janelas e no bairro do Reduto, foram uma parceria do ilustrador Rodrigo Cantalício, do redator Yuri Moura e do artista visual Kauê Almeida. O Complexo Ver-o-Rio foi outro espaço que recebeu a programação da Virada Sustentável. A exposição “Amazônia das Crianças”, do renomado fotógrafo Araquém Alcântara, começou na abertura do Festival, no dia 23, e ficará aberta ao público até o dia 10 de dezembro. 

A exposição conta com fotos de crianças de diferentes estados da região amazônica, oferecendo uma perspectiva única sobre a infância na maior floresta tropical do mundo. Contações de histórias, performances, danças, shows e apresentações teatrais também ocuparam o Ver-o-Rio nesses quatro dias de evento. Um dos destaques foi a peça Solo de Marajó, monólogo do Grupo Usina encenado pelo ator Cláudio Barros. O público que compareceu ao Ver-o-Rio também pôde conferir uma importante atividade de conscientização ambiental e conexão com o rio através da canoagem. Em parceria com a escola de canoagem Caruanas Va’a, que fica instalada nas proximidades do Complexo, foram realizadas exposições de canoas, contação de histórias, mini aulas práticas de remo, rodas de conversas sobre a importância dos rios para a saúde e bem-estar da sociedade e uma pintura ao vivo de uma das canoas. Nos dias 25 e 26, a UsiPaz Jurunas/Condor foi palco de diversas atrações voltadas para o público infantil, como as apresentações “Contração de histórias”, “O olhar que transvê”, “Varieté”, “Brincadiquê”, “O pastor de nuvens”, o “Jardim da alice”, entre diversas outras.

Ações de sustentabilidade 

Na UsiPaz do Jurunas/Condor funcionou um dos Pontos de Entrega Voluntária (PEV) de resíduos, que estiveram recebendo materiais durante os quatro dias de programação. O outro ponto de coleta esteve instalado no Píer das Onze Janelas e buscou incentivar a participação da comunidade e contribuir com o descarte correto, a reciclagem e a redução do lixo em Belém. Foram recebidos materiais eletrônicos e resíduos diversos para criação de acessórios, como tecidos, redes, guarda-chuvas, sacolas plásticas ou de presentes, embalagens de caixa longa vida, pastas plásticas, lonas de banner. Todo esse material recebido será enviado para reciclagem, para ser transformado em novos produtos ou encaminhado para o descarte correto. Além disso, toda  parte de comunicação visual impressa do Festival, também foi destinada para empreendedores que farão o reaproveitamento do material, transformando-o em novos produtos e prolongando sua vida útil. 

As ações fazem parte da estratégia de sustentabilidade da Virada Sustentável, com o objetivo de tornar o evento totalmente carbono neutro ou negativo.

O Pará no palco O Píer das Onze Janelas concentrou grande parte da programação musical do Festival, com shows e apresentações de dança e música de grandes grupos e artistas do Pará. Durante os quatro dias, foram cerca de 20 apresentações diferentes, reunindo dezenas de artistas de vários cantos do Pará. Logo na abertura, na quinta-feira (23), os shows do Clube da Guitarrada, do grupo de dança “Trilhas, cantando e dançando a Amazônia” e de Aqno, junto com Layse, agitaram o público. A animação continuou na sexta (24), com as apresentações “A exótica cultura amazônica através de seus ritmos contagiantes” e “Saxçaí”, além dos shows de Móbile Lunas convida Júlia Passos, Anna Suav e Bruna BG convidam Karen Francis, e do Bando Mastodontes. 

No sábado (25), a festa começou mais cedo, às 17h, e quem subiu ao palco no finzinho da tarde foi a apresentação de dança “Show de fé, tradição e religião”, seguida pelo show Charme do Choro convida Melina Foro e pelo espetáculo “Amazônia Corpo: festa da cidade”. Trio Manari convida Katarina Chaves, Fanfarra Metal Amazônica e Jeff Moraes encerraram o penúltimo dia de Festival.

O encerramento da Virada Sustentável, no domingo (24), foi marcado pelo grande show da Orquestra Amazônia, que convidou ao palco os cantores Jeff Moraes, Aíla, Gigi Furtado, Juliana Sinimbu, Luê e Naieme. A noite ainda teve as apresentações de dança “Batuques do Norte, da Amazônia à África” e “Dançares Amazônicos”, além do show do grupo Tamboiara da Amazônia, que se apresentou junto com Iris da Selva e Pássaros Urbanos.A noite terminou com uma grande roda de carimbó, liderada pelo Mestre Damasceno e o conjunto Nativos do Mangue, diretamente de Salvaterra, na Ilha do Marajó. 

Feira Criativa

Também no Píer das Onze Janelas, foi realizada, como parte integrante da Virada Sustentável Amazônia Belém, uma feira criativa e gastronômica, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PA). Reuniu cerca de 17 empreendedores de diversos ramos, como biojoias, bolsas e acessórios, saboaria, alimentos, plantas, moda, artesanato etc.


Por: Ana Laura Carvalho/Agência Eko.

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