A amamentação é fundamental para estabelecer os primeiros vínculos entre o bebê e a mãe, fornecendo nutrientes e proteção essenciais para o desenvolvimento inicial da criança. No entanto, a prática conhecida como amamentação cruzada, na qual uma mãe alimenta o filho de outra mulher, contraria as recomendações do Ministério da Saúde (MS), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pode oferecer uma série de riscos ao bebê.
Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2019, constatou-se que 21,1% da população brasileira recorre a prática da amamentação cruzada, sendo que a região norte do Brasil registra o maior índice, atingindo 34,8%.
Raphaela Cavalcante, enfermeira e coordenadora do curso de Enfermagem da Estácio, destaca que a amamentação cruzada tem sido alvo de preocupação devido aos riscos associados à transmissão de doenças infectocontagiosas em crianças. “Algumas mães recorrem a essa prática por acreditarem que seu leite é fraco, no entanto não existe leite fraco. O leite materno é adequado, completo, equilibrado e suficiente para o bebê. Porém, a amamentação cruzada pode expor o lactente a doenças transmitidas pelo leite de outra mulher”.
Raphaela explica que após a descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana [HIV], a amamentação cruzada começou a ser desaconselhada. Após estudos, a contra indicação foi formalizada tanto pelo Ministério da Saúde, quanto pela OMS.
A enfermeira Jessica Karine Baginski, professora da Estácio, oferece alternativas para mães que enfrentam dificuldades na amamentação. Estas incluem amamentar o recém-nascido com mais frequência e buscar ajuda de profissionais qualificados. “Profissionais que atuam em bancos de leite humano podem auxiliar a mãe orientando para que a mãe realize a ordenha adequada, garantindo o estímulo à produção de leite materno e ganho de peso adequado do bebê. É recomendado que a amamentação seja realizada com os dois seios e sempre que a criança desejar. Além disso, a ingestão adequada de líquidos e uma dieta equilibrada são fundamentais para aumentar a produção de leite materno”, afirma.
Se, por algum motivo, a amamentação não for possível ou houver contraindicações, Jéssica ressalta que a mãe deve buscar o atendimento do médico pediatra, que poderá indicar fórmulas lácteas específicas e adequadas à idade do bebê. Outra opção é frequentar o Banco de Leite Humano, que segue um rigoroso processo de triagem e tratamento, assegurando a doação livre de qualquer possibilidade de transmissão de doenças ou infecções.
Ambas as especialistas reforçam a importância de as mães receberem informações sobre os riscos da amamentação cruzada e seguirem as orientações das autoridades de saúde para garantir uma melhor alimentação e proteção ao bebê durante esta fase tão crucial para o seu desenvolvimento.
Por: Thais Siqueira/Agência Eko.