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29 Mar
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Essa Páscoa será diferente para Katyana Xipaya. Aos 36 anos, a produtora agrícola e líder indígena da comunidade Ribeirinha de Jericoá 2, na região da Volta Grande do Xingu, no Sudoeste do Pará, verá pela primeira vez seus produtos serem comercializados no período em que o chocolate é um dos principais símbolos da festa cristã. Estamos falando da Sidjä Wahiü, marca de chocolate de Katyana lançada em junho de 2023 a partir do programa Belo Monte Empreende, promovido pela Norte Energia, concessionária da usina Belo Monte, em parceria com o Centro de Empreendedorismo da Amazônia (CEA).

Sidjä Wahiü significa “mulher guerreira” na língua Xipaya e resume os propósitos de Katyana. Há sete anos ela perdeu o avô, então líder da Comunidade Jericoá, e passou a se preocupar em formas para prover a sobrevivência de sua comunidade. Ela viu na agricultura a oportunidade para se desenvolver e empreender. “Sou indígena, mulher e agricultora. Poder ganhar meu próprio sustento e trazer soluções para a sobrevivência da minha comunidade mudou a minha forma de viver. Podemos mostrar para outras comunidades que a vida não é só o que a sociedade impõe. O indígena quer trabalhar e se sustentar. O chocolate que estou produzindo é de alta qualidade e quero levar a cultura indígena, as riquezas da Amazônia e a força da Natureza para lugares que nem imagino”, afirma.

Thomás Sottili, gerente de Projetos de Sustentabilidade da Norte Energia, explica como o negócio de Katyana surgiu. “O Sidjä Wahiü nasceu no Belo Monte Empreende com o apoio de instrutores e mentores especializados na construção de negócios sustentáveis para jovens empreendedores da região onde a usina está instalada. Inicialmente, a ideia da Katyana era trabalhar apenas com frutas desidratadas, mas buscamos parcerias com a cooperativa de produtores de cacau da Transamazônica e com a fábrica da Cacau Way, em Medicilândia (PA), para ampliar a proposta inicial. Então, o Sidjä Wahiü é o primeiro chocolate indígena da região, resultado da união e do esforço de muitas pessoas, sobretudo do empenho e da determinação da Katyana”, explica Thomás.

O chocolate de Katyana é intenso, com 72% de cacau e 15% de frutas secas, como pitaia, abacaxi e banana, e não possui glúten e lactose. Os insumos são colhidos das lavouras da comunidade de Katyana e o processo de desidratação das frutas ela aprendeu com o avô. A produção e comercialização fica por conta da Cacau Way, que tem lojas físicas em Belém, Altamira e outras três cidades do Pará, além de pontos de revenda em São Paulo e Brasília. “As parcerias abrem portas e ajudam a aumentar a produção e distribuição. Quebramos a barreira inicial e hoje já posso ver meu chocolate sendo consumido por pessoas de todas as idades e de pontos cada vez mais distantes do país. Isso traz benefícios para a minha comunidade e valoriza a cultura indígena”, ressalta Katyana.

Cacau da Amazônia 

Mas o que tem de tão especial no cacau da Amazônia que vem despertando o interesse do mercado global? De acordo com especialistas em cacau, ou os chamados classificadores, o cacau nativo da Amazônia tem propriedades sensoriais, que são características específicas de substâncias puras e de alimentos, consistindo em um grande diferencial para o resultado do produto final.

 Além de ajudar a desenvolver a região, a produção sustentável de cacau feita pelos indígenas tem recuperado florestas degradadas na região amazônica, pois aplica sistemas agroflorestais combinados com cultivos de mandioca, banana, cupuaçu, açaí, além de manejo de madeira, como o cedro-cheiroso e o mogno. O resultado é a recuperação dessas áreas, cuja maior parte foi convertida de pastagens, com a redução do fogo e do desmatamento na região.

A fruta cresce junto ao tronco do cacaueiro, e a colheita é feita manualmente com a ajuda de podão de cacau, uma ferramenta específica para cortar a planta. A amêndoa da fruta é matéria-prima para a produção de chocolates. Normalmente, quatro anos depois do plantio a produção está apta para a primeira colheita, e a partir daí seguem anualmente.

De acordo com a Cacau Way, os critérios de classificação para um bom cacau começam na lavoura com a colheita. Quando o fruto atinge a maturação ideal, na cor amarelo ouro, segue para o processo de fermentação, que dura de sete a oito dias, e na sequência é colocado para secar ao sol. Após esse processo, o cacau é levado para a fábrica de chocolate, onde passa por rigorosa avaliação de qualidade e pelo crivo do classificador, que observa também aparência e aroma. A etapa seguinte é o processo de fabricação.

Estudo da Embrapa e instituições parceiras comprovou que a expansão sustentável do cacau tem sido extremamente benéfica para a Amazônia, integrando geração de emprego e renda à preservação da floresta, além da rota do chocolate ser também um atrativo para o turismo. Paralelamente ao fato de o Pará ser hoje o maior produtor nacional de cacau, com um rendimento superior a 50% do total movimentado no País - R$ 1,8 de 3,5 bilhões -, 70% do cultivo é feito em áreas degradadas, majoritariamente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais.

Por: Assessoria de Imprensa Norte Energia.

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