O Ministério da Saúde registra que 3,1 milhões de crianças de até 10 anos têm obesidade mórbida no País. O número é alarmante, tanto que a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) reconhece a obesidade como um problema de saúde pública e que precisa de urgente atenção, pois pode gerar graves consequências ao longo da vida do indivíduo como doenças cardíacas e diabetes.
A pediatra e docente do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Eucilene Kassya, explica que a obesidade em crianças e adolescentes é multifatorial. “Ela é influenciada por fatores ambientais, genéticos, epigenéticos, endócrino-metabólicos e comportamentais. Entre eles, podemos citar problemas que iniciam ainda na gestação como, grande ganho de peso materno durante a gravidez, o tabagismo, prematuridade, a ausência de amamentação, sedentarismo, disbiose intestinal, privação de sono, exposição a desreguladores endócrinos, dentre outros”, pontua a Dra. Eucilene Kassya.
Segundo a especialista, por ser multifatorial, a doença exige intervenções integradas de diversos profissionais, incluindo nutricionistas e psicólogos, para deter o avanço do ganho de peso e garantir o pleno desenvolvimento do paciente durante a infância. A pediatra orienta que a melhor forma de tratamento é sempre a prevenção, através de hábitos de vida saudáveis para a família toda, como adoção de dieta balanceada e atividade física. “As brincadeiras ao ar livre, por exemplo, são fundamentais para as crianças se movimentarem ativamente de forma prazerosa, com benefícios à saúde e ao bem-estar. Jogar bola, correr e andar de bicicleta, skate ou patins são ótimas alternativas para manter as crianças em movimento e ainda colaborar com desenvolvimento da parte física e da parte cognitiva”, explica a pediatra.
Reversível A pediatra faz questão de destacar que a obesidade infantil pode sim ser revertida com o tratamento adequado. “O ideal é procurar um pediatra para avaliar a possibilidade da doença e de suas comorbidades. Muitas vezes será necessário que a criança seja vista também por um nutricionista, por um educador físico ou mesmo um fisioterapeuta. No caso de distúrbios do comportamento, como compulsão e bulimia, que podem estar associados à obesidade, bem como na presença de depressão, ou autoestima muito comprometida, o psicólogo também será indicado”, orienta.
Alimentação saudável
A nutricionista do curso de nutrição da Estácio, Rebeca Antunes Beraldo, destaca que a formação de hábitos alimentares saudáveis, com a existência de rotina alimentar e dieta balanceada desde a infância é de fundamental importância para as crianças. “A alimentação saudável deve começar dentro de casa, com o exemplo dos pais. Atitudes negativas dos pais durante as refeições são fortes preditores de problemas alimentares, principalmente a recusa da alimentação durante a infância”.
Ela explica que adequar os alimentos que a criança deve dar preferência em cada horário do dia é extremamente importante para que ela consiga consumir os diversos nutrientes necessários para o seu crescimento e desenvolvimento adequado, sem cometer excessos. “Criando uma rotina, a criança estará habituada a consumir alimentos mais nutritivos. Na prática, funcionaria com o estímulo do consumo de frutas, cereais e leite no horário da manhã; um almoço composto por arroz, feijão, verduras, legumes e carnes magras; um lanche da tarde contendo frutas e leite; um jantar semelhante ao almoço ou uma sopa ou um lanche com alimentos in natura e, caso a criança sinta fome antes de dormir, o consumo de leite e um cereal integral”.
Para a nutricionista, seguir as refeições favorece que a criança não crie o hábito de ficar “beliscando” ao longo do dia e adquira o hábito de comer alimentos que são considerados como “calorias vazias” como balas, doces, salgadinhos, embutidos e fast foods.
Por: Thais Siqueira/Agência Eko.