As exportações de madeira pelo Pará movimentaram US$ 133 milhões no primeiro semestre de 2023, uma queda de quase 40% em comparação com os primeiros seis meses do ano passado, que somaram US$ 221,9 milhões. Já a quantidade de madeira exportada, apresentou um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período de 2022, com quase 150 mil toneladas de produtos comercializadas internacionalmente. Os dados fazem parte do balanço divulgado pela Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), com base em dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O Pará é o principal exportador de madeira nativa do Brasil e o produto é o quarto principal da balança comercial do Estado, atrás somente do minério, grãos e pecuária.
Mais uma vez, o principal importador dos produtos madeireiros do Pará foram os Estados Unidos, seguidos dos países que formam a União Europeia. Os dois mercados foram responsáveis por mais de 75% do total exportado pelo Estado no período, um número expressivo, mas que já foi bem maior. Em 2022, por exemplo, mais de 86% da exportação paraense ficou concentrada nesses destinos.
Essa redução ajuda a explicar, também, o recuo das exportações neste ano, de acordo com o consultor técnico da Aimex, Guilherme Carvalho. “Esse é um reflexo da situação econômica mundial, que tem afetado também o consumo de madeira. Ano passado, vínhamos de um cenário de leve reaquecimento da economia, no pós-pandemia, onde o consumo aumentou e tínhamos pouco estoque de madeira. Além disso, as sanções impostas à Rússia e Bielorrússia, em virtude da guerra contra a Ucrânia, resultaram no aumento do consumo de madeira de outros mercados, entre eles o Brasil. Então tudo isso convergiu para um aumento do consumo e dos preços de produtos de madeira”, explica Carvalho.
No entanto, neste ano, temos um cenário inverso. A política contracionista para combater a inflação, tanto americana quanto europeia, levou a um aumento das taxas de juros e consequente redução no consumo, na aquisição de novos imóveis e da demanda mundial por produtos de madeira. Isso, somado ao fato de que ainda existe um grande estoque de madeira na União Europeia, formado pelos volumes importados em 2022, fez com que os preços despencassem.
O preço médio da madeira fechou em US$ 893 por tonelada, neste primeiro semestre, uma queda de quase 44% em relação a 2022, quando os preços giravam em torno de US$ 1.595 por tonelada. Além disso, a desvalorização do dólar, que acumula queda 9,8%, a maior em um semestre desde 2016, também contribuiu para o fraco desempenho das exportações neste ano.
Teca – Apesar do forte recuou nos valores obtidos através da exportação de madeira pelo Pará, a quantidade de produtos comercializada aumentou no mesmo período. De janeiro a junho deste ano, foram quase 150 mil toneladas enviadas para fora do Estado, contra 139 mil toneladas em 2022.
O produto mais exportado nesse período foi a madeira bruta, que vem quase 100% dos plantios reflorestados de teca no Pará, com 62 mil toneladas, quase todas enviadas para a Índia. Por ser um produto com baixo valor agregado, o valor financeiro obtido também é menor, o que acabou diluindo o preço por tonelada.
No Pará, a madeira só pode ser exportada em forma bruta se vier de reflorestamento. Fora isso, é obrigatório que seja beneficiada no Estado, o que torna a madeira, dentre todas as matéria-prima produzidas no Pará, a que possui o maior valor agregado, gerando mais renda, melhores empregos e receitas internamente.
Um dos principais desses produtos é a madeira perfilada, categoria composta por pisos, decks, tacos e frisos, muito utilizados nos mercados americano e europeu. No primeiro semestre de 2023, a comercialização desse item altamente industrializado movimentou mais de US$ 90 milhões, com a produção de 46 mil toneladas de produtos.
Por: Rafael Sobral/Agência Eko.