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01 Jun
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Oferecido pela indústria tabagista como uma alternativa menos prejudicial do que os cigarros eletrônico e tradicional, o tabaco aquecido vem sendo tema de estudos científicos frequentes, um deles recentemente divulgado por pesquisadores da Universidade Metropolitana de Osaka (Japão), que descobriu que o produto, conhecido popularmente como heat not burn, pode tornar seu usuário mais predisposto à infecção grave pelo vírus da Covid-19.

A enfermeira especialista em Promoção à Saúde, Alessandra Clume Ferreira, explica as principais características entre os três. “O tabaco aquecido é um bastão aquecido por um dispositivo blindado, que não permite alteração pelo consumidor, não entrando em combustão, portanto, o aquecimento destas substâncias vira uma outra substância extremamente agressiva. No cigarro eletrônico, um líquido que pode ser composto de nicotina e associado a essências é aquecido para se transformar em vapor a ser inalado. O cigarro tradicional é composto por mais de 7 mil substâncias que, ao entrarem em combustão, transformam-se em outras substâncias extremamente tóxicas ao usuário, ao fumante passivo e ao meio ambiente”, destaca.

Ela acrescenta que nos dispositivos fumígenos aquecidos há um aumento expressivo da possibilidade de o usuário ser acometido por doença respiratória aguda grave, devido à inalação dos diluentes aquecidos. O tabaco aquecido – produto que não queima o tabaco e libera o sabor dele por meio do vapor - não pode ser apontado como uma alternativa menos nociva, tanto ao cigarro eletrônico quanto ao cigarro comum, como aponta a profissional de saúde.

“Não existe cigarro saudável. É muito grave ver a disseminação de informações equivocadas a respeito de substâncias tão maléficas ou propostas de compostos que não adoecem. A única forma saudável de cigarro é não consumir”, enfatiza Alessandra.

Malefícios, tratamento e dados
A unanimidade a respeito do cigarro comum, do tabaco aquecido e do cigarro eletrônico é que todos causam malefícios à saúde, entre eles o risco de desenvolver dependência química à nicotina, doenças coronarianas, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão, abortos e impotência sexual. E segundo a profissional, os dados no Brasil e no mundo são alarmantes.

De acordo com a Vigitel (Vigilância de Fatores de Riscos e Proteção para Doenças Crônicas), no Brasil temos 9,1% de fumantes com 18 anos ou mais, sendo 11,8% de homens e 6,7% de mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2020, 22,3% da população mundial usava tabaco, sendo 36,7% homens e 7,8% mulheres.


A professora ressalta que existe tratamento gratuito a quem deseja parar de fumar, oferecido pelo SUS. Os interessados devem buscar as secretarias municipais de saúde e se informar sobre o programa antitabagismo da sua cidade.

Psicoterapia

Juliana Santiago, professora de psicologia da Estácio, esclarece que o acompanhamento de um psicólogo é importante porque pode auxiliar na compreensão do comportamento de vício. “Fumar pode ser evitar ou fugir de sensações desagradáveis. Além disso, após o vício ser estabelecido, neuroquimicamente o indivíduo necessita de outros reforçadores, e o psicólogo ajuda a entender o que pode dar prazer à pessoa além do hábito de fumar, além de estimular o indivíduo a se reconectar com as suas próprias dores, o que o cigarro mascara”.

A especialista explica ainda que o trabalho da psicologia apenas faz sentido se houver acompanhamento multiprofissional, com pneumologista, psiquiatra e nutricionista, pois a química cerebral é diretamente afetada. A síndrome de abstinência pode ser um forte empecilho no processo, já que os tremores, principalmente nas mãos, são extremamente desconfortáveis. O educador físico também tem grande valor, pois pode planejar um programa de treinamento específico para a geração de endorfinas, substâncias que promovem a sensação de bem-estar”, detalha.


Por: Thais Siqueira / Agência Eko.

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