Na luta contra as mudanças climáticas, o manejo florestal sustentável surge como uma estratégia viável, especialmente na região amazônica. O Estado do Pará destaca-se nessa frente, contendo 70% da área submetida a concessões florestais e à certificação florestal FSC (Forest Stewardship Council) em toda a Amazônia, o que equivale a 1,8 milhão de hectares. Considerando que a média de carbono armazenado por hectare é de cerca de 300 toneladas, o Pará possui um total de 540 milhões de toneladas de carbono armazenadas somente nessa área.
No dia da Amazônia, celebrado nesta quinta-feira (5), Deryck Martins, presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (Aimex), destaca a importância dessas práticas para a preservação da floresta amazônica e a mitigação dos impactos climáticos.
“O manejo florestal sustentável é a prática de utilizar e cuidar das florestas para garantir sua conservação de forma perene, respeitando os aspectos sociais, ambientais e econômicos”, explica Martins. “Seu papel no combate às mudanças climáticas está relacionado à redução do desmatamento, à conservação da biodiversidade, à promoção da captura de carbono e à geração de produtos madeireiros e não madeireiros de forma sustentável”, explica Martins.
Segundo ele, a Aimex recomenda uma série de práticas específicas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Entre elas, destacam-se o manejo de baixo impacto, a redução do desperdício na cadeia produtiva, a utilização de tecnologias limpas, bem como o reflorestamento. Essas práticas não apenas conservam a floresta, mas também contribuem para a saúde do ecossistema e das comunidades que dele dependem, pontua o presidente da associação.
No Estado do Pará, diversas iniciativas de manejo florestal sustentável estão sendo implementadas. Martins cita projetos de concessões florestais, certificação florestal FSC (Forest Stewardship Council) em áreas de produção madeireira, e programas de restauração florestal em áreas degradadas como exemplos concretos desses esforços.
Entretanto, as indústrias de madeira enfrentam diversos desafios na adoção de práticas sustentáveis. A falta de incentivos financeiros para investimentos em manejo responsável, a competição desleal com produtos ilegais no mercado, a dificuldade em obter certificações internacionais e a pressão por aumento da produtividade sem comprometer a sustentabilidade são algumas das barreiras mencionadas por Martins.
Para superar esses obstáculos, a Aimex tem trabalhado em estreita colaboração com as comunidades locais. “A Aimex promove capacitações em manejo florestal sustentável, incentiva a participação em cadeias produtivas responsáveis, apoia o desenvolvimento de associações locais e promove o diálogo entre os diversos atores envolvidos”, afirma o presidente da associação.
No que diz respeito às políticas públicas, Martins defende a implementação de incentivos fiscais para práticas sustentáveis, o fortalecimento da fiscalização e combate ao desmatamento ilegal, o fomento à pesquisa e inovação em tecnologias limpas e o apoio à regularização fundiária em áreas florestais. Essas políticas são essenciais para criar um ambiente favorável ao manejo florestal sustentável no Brasil, defende Martins.
O futuro do setor de madeira exportadora, no contexto das mudanças climáticas, parece promissor, segundo o presidente da Aimex. “As perspectivas futuras estão relacionadas à busca por produtos certificados ambientalmente, ao desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis, à valorização da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos das florestas, e à inserção em mercados internacionais que demandam produtos responsáveis ambientalmente”, afirma.
Deryck Martins conclui ressaltando a importância de um compromisso coletivo para a preservação da Amazônia. “Somente através da união de esforços entre governo, empresas, comunidades e sociedade civil poderemos garantir a conservação da nossa floresta e enfrentar de maneira eficaz as mudanças climáticas”, observa ele.