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09 Jun
09Jun

Com a escolha de Belém, para sediar a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), o mundo, que já vinha pautando a Amazônia, há alguns anos, virou seu olhar completamente para a região. Em 2022, a COP 27 abriu candidatura para que criadores de conteúdo da América Latina, Sudeste Asiático e África pudessem se inscrever para a cobertura da conferência nas redes sociais, ressaltando a relevância de criadores do sul global na construção desta comunicação. Agora, influenciadores da Amazônia, se prepararam para essa cobertura, assim como toda a sociedade interessada na agenda climática já tem começado a se preparar para receber a conferência.

A criadora de conteúdo, Noma Leite, 28 anos, do perfil @normalmenteviajando, é um exemplo. Ela tem viajado pelo interior do Pará, criando conteúdo sobre balneários, passeios e turismo na região, que ajudam pessoas de Belém e ao redor do Brasil a conhecerem e viajarem para uma Amazônia que vão além de estereótipos. “Eu agarrei a ‘oportunidade’ de ser criadora de conteúdo, porque vi que gostava de ser útil, de ajudar as pessoas com dicas sobre passeios no Pará, e percebi que poderia desmitificar a ideia de que só viaja quem tem dinheiro e de que o Norte não é pra turismo.” Falou Norma.

Outra criadora de conteúdo que também tem se destacado nas redes sociais, é a historiadora Tiane Melo, de 30 anos. A influenciadora começou no universo do Instagram com o desenvolvimento do perfil @mangapoetica, uma marca de produtos paraenses, e agora tem se tornado referência para falar sobre o empreendedorismo regional, Amazônia e estilo de vida. “A Amazônia é uma potência e vejo que os olhos estão cada vez mais voltados para ela. Eu poderia problematizar isso, mas prefiro ver os pontos positivos e me colocar como sujeito que pode contribuir positivamente para a ampliação e geração de coisas boas na Amazônia.” Comentou Tiane. 

As influenciadoras veem muitas oportunidades com a realização da COP 30, em Belém, mas se questionam, a todo momento, como será a postura das grandes marcas na construção dessa narrativa da comunicação amazônica. Isso porque, existe um grande movimento de propagandas pagas que priorizam muito mais criadores do Centro-sul, em detrimento aos criadores do Norte do país.

De acordo com a pesquisa “Creators e Negócios” feita pelo Youpix em parceria com a Brunch, em 2022, isso pode ser um reflexo do fato de que o mercado de influência acontece majoritariamente no sudeste do Brasil. 61,5% dos criadores estão na região sudeste, 16,2% no nordeste, 14,6% estão na região sul e 4,8% estão no centro-oeste. O norte ainda é sub representado na Creator Economy, com 1,3%, embora corresponda a 8% da população brasileira. A própria pesquisa instiga uma busca por soluções para esse movimento do mercado, que acaba por invisibilizar criadores do Norte, quando sugere que “podemos e precisamos levantar aqui uma reflexão coletiva que aponte formas de incluir regiões tão diversas na Creator Economy, tanto na profissionalização dos criadores quanto dos mercados locais.”

A influenciadora Tiane Melo sente na pele essa questão. “Acredito que o fato de ser nortista traz um estereótipo para as marcas que acaba nos restringindo neste mercado, mas também me questiono se os meus conteúdos ainda não estão tão atraentes para as marcas nacionais ou globais.” Desabafou, Tiane. Não distante deste mesmo sentimento, a criadora de conteúdo Norma também comentou o assunto. “Vejo muitos perfis que entregam menos conteúdo do que o meu, crescendo desproporcionalmente Brasil afora. Em contrapartida, percebo que o meu engajamento é infinitamente melhor quando o conteúdo é regional, já que mais de 60% dos meus seguidores são paraenses.” Finalizou, Norma.

Soluções trazidas pela pesquisa do Youpix e Brunch, que podem auxiliar nessa inclusão destes criadores de conteúdo Amazônico estão ligadas à “valores mais justos, creators com mais visibilidade, ecossistemas mais fortalecidos e valorização das culturas regionais”. Portanto, a movimentação das marcas, a partir do anúncio da COP 30 em Belém, passa a ser ainda mais estratégica. Qualquer passo em falso, pode ser o motivo de uma grande crise de comunicação.

Por: Raísa Araújo. 

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