Desde o início deste mês, o Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA) está realizando uma operação de fiscalização em salas de vacinação. A iniciativa faz parte de um esforço nacional, coordenado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), e busca avaliar as condições de trabalho da equipe de Enfermagem, a presença de enfermeiro supervisionando os procedimentos e outros aspectos que impactam a segurança da assistência e a cobertura vacinal da população.
A chefe da Divisão de Fiscalização do Coren-PA, Dra. Marcandra Almeida, ressalta que a iniciativa visa identificar desafios e orientar os profissionais para que a vacinação ocorra dentro dos parâmetros técnicos e éticos exigidos. “Frente às dificuldades nacionais para o alcance das metas e indicadores de vacinação da população, iniciativas de fiscalização como essa são importantes para orientar os profissionais e identificar condições desfavoráveis ao exercício da Enfermagem com a devida ética e qualidade esperada pela sociedade”, afirmou.
Durante as inspeções são observados critérios como práticas assistenciais, infraestrutura das salas de vacinas, capacitação da equipe, armazenamento de imunobiológicos e registro adequado das doses aplicadas.
A Enfermagem e a vacinação no Brasil
O Brasil possui um dos maiores programas públicos de imunização do mundo, oferecendo gratuitamente 47 imunobiológicos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). São mais de 39 mil salas de vacinação espalhadas pelo país, onde aproximadamente 189 mil profissionais de Enfermagem garantem a aplicação de mais de 300 milhões de doses anualmente. Além da administração das vacinas, as equipes desempenham um papel fundamental na busca ativa da população, planejamento estratégico, gestão da rede do frio e acompanhamento de possíveis reações adversas.
Apesar dos avanços, os desafios permanecem. Dados do Ministério da Saúde mostram que a cobertura vacinal, que atingiu 97% em 2015, caiu para 75% em 2020, retrocedendo a níveis de 1987. Em 2023, mais de 60% dos municípios brasileiros não conseguiram alcançar a meta de 95% de cobertura vacinal para imunizantes aplicados no primeiro ano de vida.
“O trabalho da Enfermagem vai além da aplicação das vacinas. O planejamento, a identificação de lacunas na cobertura e o diálogo com a população são importantes para garantir que as vacinas cheguem a quem precisa”, pontuou o presidente do Coren-PA, Antônio Marcos Freire, destacando que a fiscalização fortifica a qualidade da assistência e o compromisso da categoria com a imunização segura.