O painel "Bioeconomia: Prosperando na Amazônia", realizado nesta quarta-feira (13), durante o festival South by Southwest (SXSW), em Austin, nos Estados Unidos, trouxe à tona a urgência de conservar a Amazônia e fomentar seu desenvolvimento socioeconômico por meio de negócios e práticas regenerativas. Em auditório lotado, a ativista indígena brasileira Txai Suruí e a advogada e ativista climática Colette Pichon Battle abordaram os desafios enfrentados para impulsionar negócios mais sustentáveis.
Com mediação da diretora de sustentabilidade de Natura &Co América Latina, Angela Pinhati, o painel enfatizou a necessidade da mobilização coletiva para superar desafios que representam ameaças à vida na Terra, como a pressão pela exploração e uso desenfreado de recursos naturais.
Para Txai Suruí, é preciso quebrar a narrativa de que a conservação da natureza é um empecilho para o desenvolvimento econômico do Brasil. “A floresta vale muito mais em pé do que derrubada. Mas é necessário investir em quem faz essa bioeconomia. Não tem como falar de sustentabilidade sem falar das pessoas”, enfatiza. A líder indígena abordou o quanto é vital unir tecnologia e sabedoria ancestral para provocar mudanças significativas no mundo. "Temos que cuidar de quem está cuidando da Terra. E não precisamos de doação, mas de investimentos para podermos continuar protegendo o planeta e o futuro de todos os povos", afirmou.
A ênfase na colaboração entre empresas, comunidades locais e organizações ambientais também marcou a conversa para acelerar os compromissos ainda nesta década. “Não podemos mais dar pequenos passos. Existe uma visão para 2050, mas há um prazo para 2030. E esse prazo diz que precisamos fazer uma mudança tremenda na sociedade. Temos que dar esses passos juntos”, afirmou Colette. A advogada norte-americana trabalhou ativamente no auxílio de vítimas do desastre do furacão Katrina, que devastou a região da Louisiana, em 2005. “Peço para que todos [na plateia] façam três compromissos: lutar para ter água potável e gratuita para todos; para que nenhuma árvore seja derrubada, e para que todas as pessoas sejam livres", disse.
Angela mencionou o modelo de negócio da Natura e o lançamento de Ekos há 20 anos como exemplos de que conservação e prosperidade econômica podem andar juntos. “No SXSW, falamos de sustentabilidade para públicos que não conhecem tanto esse tema, dando voz à importância de se colocar a vida no centro das nossas decisões, regenerando a nós mesmos, ao outro e ao mundo. Isso faz toda a diferença”, afirmou.
No final, a conversa promoveu uma reflexão sobre conscientização cidadã, consumo consciente e engajamento público para promover mudanças significativas agora, e não em 2030 ou 2050. A mensagem deixada pelas painelistas destacou o reconhecimento do papel essencial que cada um tem a desempenhar na conservação da Amazônia, na bioeconomia e na promoção da regeneração em escala global.
"Precisamos de uma revolução, mas também precisamos sonhar, algo que é muito valorizado pelos povos indígenas. Por isso, em 2050, vejo um futuro onde a Terra, as mulheres e as crianças são livres", finalizou Txai.
Por: Agência Eko.