Classificada como doença grava é problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde, a obesidade é uma condição na qual existe um acúmulo de gordura no organismo. Ela é dividida em três graus, e cada grau apresenta mais riscos para a saúde como um todo. Essa condição é conhecida por aumentar os riscos do desenvolvimento de problemas cardíacos, bem como problemas metabólicos.
Duas em cada cinco pessoas que sofrem de obesidade são também diagnosticadas com algum transtorno mental.
A psiquiatra Camila Machado, explica que os mais comuns nessa população são Transtornos Depressivos, Transtornos de Ansiedade (Transtorno de Ansiedade Generalizada e Transtorno do Pânico), Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), Transtorno Bipolar, Transtorno Boderline de Personalidade (TBP), Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias. Segundo a psiquiatra, o termo “obesidade mental” não é um conceito médico ou psiquiátrico. Contudo, vem sendo usado para descrever o estado psicológico de sobrecarga cognitiva ou com excesso de informação.
O endocrinologista Rubens Tofolo Jr explica que as pessoas que sofrem de obesidade podem acabar desenvolvendo quadros psiquiátricos por inúmeros fatores, a considerar fatores psicológicos, como problemas de autoestima e autoimagem, fatores sociais, entre outros. “A obesidade também tem como comorbidade frequente a insônia, que costuma aumentar significativamente as chances de desenvolver um transtorno de humor”.
“A causa emocional da obesidade pode ser diversa. Porém, quando falamos em “emocional”, remetemos a algumas emoções, como alegria, tristeza, medo, angústia, e surpresa. Nesse caso, o melhor seria dizer qual patologia está ligada à obesidade, pois pode ser uma doença multifatorial. Se considerarmos a “emoção” para dizer a causa, não encontraremos uma resposta”, argumenta a Dra. Camila Machado.
É fato que muitos fatores podem influenciar na saúde mental. Pesquisas mostram que alterações nos níveis de insulina, cortisol, leptina, adiponectina e resistina possuem ligação com o aparecimento de sintomas depressivos e ansiosos.
Com uma certa frequência, pessoas com obesidade apresentam um quadro chamado síndrome metabólica, no qual ocorrem alterações significativas na insulina e nos níveis de cortisol. “A síndrome aumenta os riscos de uma pessoa desenvolver doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes”.
Níveis mais altos de cortisol estão ligados à presença de sintomas depressivos e ansiosos mesmo em pessoas com peso saudável ou que não possuem síndrome metabólica.“Geralmente, o tratamento do sobrepeso é feito por meio de dieta e exercícios físicos. No entanto, uma depressão não tratada pode ser debilitante a ponto de impedir que a pessoa leve uma vida funcional, o que diminui as chances da pessoa seguir o tratamento de forma adequada”, lembra a psiquiatra Camila Machado.
“Considerando que a obesidade pode aumentar significativamente as chances de uma pessoa desenvolver transtornos mentais, fica evidente a necessidade, nesses casos, de acompanhamento por um profissional da saúde mental”, completa.
A alimentação também é um fator bastante importante no tratamento, de transtornos mentais. É comum pessoas que sofrem de depressão e outros transtornos mentais desenvolvam hábitos alimentares prejudiciais, ricos em gorduras saturadas e açúcares com propriedades inflamatórias, que podem atingir o sistema nervoso central, o que contribui para o surgimento e manutenção de sintomas psiquiátricos.
“O tratamento da obesidade, então, deve ser feito de forma interdisciplinar, com o acompanhamento de médicos, nutricionistas, endocrinologistas e profissionais da saúde mental, como psiquiatras e psicólogos”, conclui a Dra. Camila Machado.